O vazio das celebridades

Por Ronaldo Souza

Os  políticos e seus partidos costumam usar celebridades, particularmente os “artistas”, para fazerem campanha a seu favor.

É normal em todos os lugares.

Nada é ou deveria ser rígido, ao pé da letra, mas não há como negar que até nesse sentido também há diferenças que muitas vezes são gritantes.

Ainda que muitos não percebam, o que é facilmente explicável.

Tendo em vista que isso é tão “importante”, vamos por aí.

Como não perceber, por exemplo, que ter do seu lado Chico Buarque não pode ser em nada comparável a ter Lobão.

Alguém já disse:

“Dê 15 minutos diários na Globo que qualquer idiota se torna celebridade”.

Não se busca mais o reconhecimento pela competência.

A notoriedade hoje é a meta.

Se não em todas, isso está ocorrendo em muitas atividades profissionais.

E muitos não percebem que mesmo a notoriedade alcançada pela competência em determinada área apresenta limites bem definidos.

Como diz a sabedoria popular:

“Cada macaco no seu galho”.

Ah, como adoro a sabedoria que vem do povo.

ORG XMIT: 105001_0.tif A jogadora de vôlei Ana Paula durante ensaio fotográfico para o site Paparazzo. (Foto de Rogério Faissal/Paparazzo)

Ana Paula

Imaginando que o vôlei lhe deu autoridade para falar sobre qualquer coisa, muito comum entre alguns, Ana Paula é apenas mais uma dessas pessoas que alcançam a notoriedade sem nada mais a oferecer fora da sua atividade.

Constitui um caso clássico de ignorância ativa.

Como se pode observar, o vídeo acima é um desfile absurdo de absoluta ignorância política.

E são pessoas assim, algumas motivadas por interesses desconhecidos, que arrastam milhares de “inocentes” pelos mesmo descaminhos que trilham.

O que é incrível nisso tudo?

Qualquer um que tivesse o mínimo de conhecimento sobre as coisas da política saberia quem era Aécio Neves.

E durante a campanha política vários fatos que mostravam claramente quem realmente ele era foram expostos à população.

Não viram ou não quiseram ver?

Não acredito que nesses segmentos onde tem imperado esse desconhecimento sócio-político não haja pessoas de bom senso.

Resta então uma pergunta.

Por que se deixaram levar tão fácil e docilmente pela correnteza da ignorância?

Não a ignorância como muitas vezes é “vista” a palavra, como uma ferramenta de agressividade e ofensa, mas a ignorância de quem simplesmente ignora.

Teriam sido também eles induzidos ao desconhecimento de coisas primárias ou há algo bem maior por trás a explicar a estupidez cometida?

O que pensar desses segmentos ditos diferenciados da sociedade que não só foram eleitores convictos de Aécio como fizeram campanha agressiva a seu favor por vê-lo como político competente e digno contra a corrupta vagabunda da Dilma Rousseff?

Não só permitiram como também contribuíram de forma decisiva para que o país chegasse à deplorável situação em que se encontra hoje.

Onde estão agora?

Alguns se manterão escondidos como estão e outros tentam se eximir do mal que fizeram e fazem ao país (mas não é a primeira vez) dizendo-se enganados, com explicações que, sem que percebam, só expõem a ignorância política absurda que possuem.

Ora, o que significa de fato ignorar quem era Aécio?

Ignorância política no mais alto grau!

Simples.

Como entender que os predestinados se permitem tamanha alienação?

Irão seguir exibindo a estupidez de até então ou irão assumir a verdadeira razão que está por trás da inexplicável postura assumida?

Esses mesmos amanhã estarão com Dória e Bolsonaro.

Alguns já estão.

A inteligência do homem tem limites, a estupidez não
Nietzsche